A Desafiante Composição do Solo de Dubai
Uma das maiores dificuldades enfrentadas pelos engenheiros foi a composição geológica do solo em Dubai. A cidade é predominantemente construída sobre areia solta e rochas sedimentares frágeis, o que dificulta a obtenção de um “extrato duro” — um solo firme o suficiente para apoiar uma estrutura desse porte. Mesmo após perfurações de até 140 metros de profundidade, não foi encontrado um substrato de alta resistência. Em situações normais, isso significaria que a construção de um arranha-céu desse tamanho seria inviável.
Para contornar esse desafio, os engenheiros confiaram na força de atrito das estacas. Ao serem inseridas no solo, essas estacas geram forças de fricção que ajudam a sustentar o peso do edifício. Dessa forma, a carga é distribuída tanto vertical quanto lateralmente, impedindo o excesso de assentamento (afundamento) do solo. Ao final da construção, o assentamento total registrado foi de apenas 5 cm, um valor considerado seguro para um prédio dessa magnitude.
Tecnologia Avançada de Concretagem
Outro desafio crítico foi o processo de concretagem das estacas e do radier em um clima desértico, onde as temperaturas frequentemente ultrapassam os 40ºC. Para garantir a integridade do concreto, a construção foi realizada durante a noite, e os engenheiros utilizaram cubos de gelo misturados ao concreto para reduzir a temperatura da mistura. Além disso, o concreto foi despejado em quatro partes distintas, cada uma exigindo 24 horas de trabalho contínuo.
Nas profundezas dos poços das estacas, a água subterrânea salgada representava um grande risco. Para evitar que os poços colapsassem e se enchessem de água durante a escavação, um fluido especial de perfuração foi injetado simultaneamente, criando uma barreira que impedia o desmoronamento das paredes e a entrada de água.
Sistema de Proteção Contra Corrosão
Devido à proximidade com o Golfo Pérsico, o solo de Dubai possui altos níveis de salinidade, que representam um risco significativo para as estruturas de aço no subsolo. Para evitar a corrosão das barras de aço das estacas, foi implementado um sistema de proteção catódica, onde os vergalhões são protegidos com uma malha de titânio. A eletricidade é continuamente aplicada a essa malha, o que impede a formação de ferrugem nos vergalhões. No entanto, o fornecimento de eletricidade precisa ser monitorado com precisão. Qualquer excesso pode causar um fenômeno chamado “fragilização por hidrogênio”, que torna o aço quebradiço.